Você acompanha o peso da sua Calopsita frequentemente?

A obesidade é um dos problemas mais recorrentes na clínica de pets não convencionais, ou melhor no mundo todo entre seres humanos e animais de todos os tipos, mas hoje vamos falar um pouco das aves, em especial as calopsitas.

Nas aves de estimação que incluem alimentação à base de dietas altamente energéticas (com excesso de carboidratos e gorduras), como sementes oleaginosas (aveia, girassol, niger, cânhamo) e alimentos inadequados como bolachas, pães, arroz além de doces associado à vida sedentária, com falta de exercícios e aumento no consumo alimentar decorrente ao tédio, e até mesmo a falta de determinação de fotoperíodo (estipular dia e noite), uma vez que mantemos a luz artificial acessa a calopsita continua se alimentando normalmente.

Nas aves, muitas vezes não é percebido a obesidade devido à presença das penas e postura. Esta não deve ser encarada apenas quanto a seus aspectos estéticos, como se vê com freqüência ou como com aquela antiga frase “é bonitinho gordinho”, e sim deve ser tratada como uma doença crônica.

A alteração da composição corporal verificada com a expansão da massa gorda vem acompanhada de alterações endócrinas e funcionais. Uma ave pode ser considerada obesa quando apresenta peso superior a 15% do peso ideal da espécie, por exemplo, a calopsita varia em média de 80-90 gramas de peso corpóreo, porém sempre deve ser acompanhado por um médico veterinário especializado em atendimento de aves para que o mesmo possa verificar o estado corpóreo, tamanho e analisar a dieta. Mas esse critério de verificar apenas pelo o peso, não é muito seguro e, sim deve ser realizado uma avaliação física individual, uma vez que esse indivíduo pode ter alterações de tamanho devido a erros de manejo durante o seu desenvolvimento ou até mesmo genéticas.

A ave obesa é mais predisposta a problemas clínicos, tem a saúde geral pobre e apresenta menor expectativa de vida. Normalmente aves obesas são imunossuprimidas e mais sensíveis ao estresse do que aves em bom estado corporal. Outros problemas médicos associados à obesidade são lipidose hepática, aumento da pressão sangüínea, pancreatite necrosante, diabetes mellitus, alterações dos hormônios da tireóide, lipomas, problemas reprodutivos, musculoesqueléticos, aterosclerose, hipotireoidismo (associadas também com a deficiência de iodo), falta de ar por compressão dos sacos aéreos e até mesmo crescimento de bicos (Figura 1) e unhas.

Os sinais clínicos de obesidade incluem depósitos de gordura, que são mais comumente localizados sobre o esterno ou no abdômen (vistos apenas quando contidos, ou suas penas manuseadas), além das áreas submandibular e clavicular.

Figura 1: Crescimento de bico (rinoteca) em calopsita. (arquivo pessoal)

Os depósitos de gordura subcutâneo se apresentam como massas elevadas e uniformes que crescem no subcutâneo, de coloração amarela que fica frequentemente visível através da pele, podendo ser grandes e ocorrer em localizações múltiplas.

Pode ser observado: dificuldade respiratória e intolerância aos exercícios, cansaço fácil durante uma brincadeira ou pequenos voos. Alteração na coloração das penas: presença de penas amareladas em vez da coloração normal daquela espécie. Este fenômeno está ligado a uma alimentação excessivamente gordurosa, que favorece a incorporação de maior quantidade de gordura pela pena em crescimento. Uma vez que a alimentação da ave é balanceada, as penas voltam à sua coloração.

O diagnóstico de obesidade passa pela determinação do peso do animal (Figura 2) e sua comparação com o peso médio da espécie realizada por um médico veterinário especializado em animais silvestres e exóticos, além da realização de exames clínicos e complementares (como um raio x, exame de sangue incluindo triglicérides e colesterol, entre outros se necessários).

Figura 2: Exemplar de calopsita (Nynphicushollandicus) sendo pesado (arquivo pessoal).

O objetivo básico do tratamento é criar um balanço energético negativo que pode ser conseguido através da diminuição da ingestão calórica e/ou aumento do gasto energético. O exercício físico é a única forma de se aumentar o gasto energético do indivíduo. Logo, o ideal é a combinação das duas formas: diminuição da entrada energética e exercício. Porém deve ser lembrado qual é a real condição física da ave para começar os exercícios, pois deve ser iniciado de forma progressiva, lenta, diminuindo poleiros do viveiro, distanciando comedouro do bebedouro, aumentando gaiola entre outras medidas a serem tomadas no cotidiano, além de dieta balanceada programada e indicada pelo médico veterinário especializado em aves.

O ideal é sempre evitar a obesidade no seu Pet, como posso fazer isso?

Mantendo uma dieta a base de ração extrusada de boa qualidade (as chamadas “bolinhas”), verduras escuras, legumes e um pouco de frutas, não oferecer guloseimas, como pães, bolacha, arroz, macarrão, café entre outros alimentos não indicados para as aves. E manter o check-up da sua calopsita em dia, sendo realizado semestralmente ou no mínimo anualmente com um médico veterinário especializado e experiente no atendimento em aves.

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Erica Couto

Prof. M.V. MSc Erica Couto CRMV-SP 19883 Consultório de Animais Silvestres Tukan

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